terça-feira, 23 de abril de 2013

O "reality show fitness" do Instagram


por @MarcosHiller

A cena digital faz surgir novos modos de ser e de apresentar nesse ecossistema que habitamos, e nos faz refletir sobre certas performances identitárias que se fundamentam na retórica radical do fitness como qualidade de vida e seu compartilhamento nas redes sociais digitais, mais precisamente no Instagram. Na era do espetáculo e do culto ao corpo em que vivemos, gostaria de trazer para a nossa inquieta reflexão a atriz-social Gabriela Pugliesi, dona do blog (http://www.tips4life.com.br) e que tem feito relativo sucesso por meio de seu perfil no aplicativo de fotos Instagram. A blogueira está arrebanhando uma legião de seguidoras (sim, a maioria são mulheres, logicamente) por conta de uma estratégia de fotos e textos baseada no oferecimento de um profícuo cardápio que visa a aumentar a “qualidade de vida”. No momento que escrevo esse despretensioso texto, Gabi tem mais de 130 mil seguidores. Ela é uma dessas personagens que protagoniza hoje o fenômeno que entendo como “reality show fitness”, pois se trata de uma cidadã comum que adquire status de celebridade de forma abrupta e meteórica por meio de um processo de espetacularização de suas práticas cotidianas, principalmente àquelas associadas ao condicionamento físico do corpo e ao discurso da qualidade de vida.

Especialmente no Brasil, é relativamente compreensível o sucesso do site da moça pois, de acordo com as pesquisas da antropóloga Mirian Goldenberg, o corpo humano se apresenta como um verdadeiro capital físico, simbólico, econômico e social. Nesse sentido, mesmo tendo à sua disposição um poderoso arsenal, fornecido aparentemente de forma gratuita por marcas de roupas e alimentos funcionais, Pugliesi apresenta o tempo todo técnicas e dicas de como cultuar os corpos humanos desencantados de suas potências simbólicas para além de uma simples boa aparência. O consumo moderno define-se pela proeminência de atributos simbólicos dos produtos em detrimento de suas qualidades estritamente funcionais e pela manipulação desses atributos na composição de estilos de vida. Ao examinar boa partes de suas fotos e textos, percebe-se que a relações passam a ser geridas por meio da lógica do custo-benefício e nesse regime de visibilidade hipertrofiada, proposto por uma série de blogueiras, especialmente por Pugliesi, a boa forma física assume importância chave como capital simbólico pessoal. A moça procura apresentar uma chamada moral da boa forma: aquela que não se envergonha e nem se preocupa em ocultar a sensualidade, mas exige de todos os corpos que exibam contornos planos e relevos bem sarados, como os da pele plástica de uma boneca Barbie, como diz Paula Sibilia, pesquisadoras da UFF. Nas legendas das narcísicas fotos publicadas no Instagram evidencia-se nas entrelinhas um discurso norteado por um feroz julgamento que aponta indiretamente para aquelas usuárias que sucumbem no esforço de se enquadrar sob as coordenadas da boa forma. E tudo com uma retórica especializada em garantir as mais desvairadas certezas. Inevitavelmente, cria-se nas suas seguidoras uma auto-intensa vigilância.

Com o uso do Instagram, percebe-se novas formas de se apresentar nessa cena midiática e com isso, construir potências simbólicas de corpos, sobretudo por meio de uma prática de fitness hiperbólica, pois extrapola o simples ato do condicionamento físico. Prega-se que a forma física idealizada = qualidade de vida = felicidade, um verdadeiro misto de entretenimento e auto-ajuda. O fato é que o ecossistema digital que habitamos hoje é um solo fértil. De lá, brotam ideias, inovações, insights e novos formas de se comunicar. A explosão das mídias digitais provoca fenômenos que potencializam a bel-prazer as mais diversas estratégias de se apresentar na arena online.

Bom, deixa eu ir ali na padaria da esquina comer uma nega maluca e tomar uma coca-cola pra ver se me ajuda a refletir ainda mais sobre essas novas apropriações sociais das redes digitais. Depois é só pular corda durante umas 3 horas e fazer uns 2 mil abdominais que tá tudo certo.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Lucia Santaella na SIMC 2013


por @MarcosHiller

Assistir a Lucia Santaella falando é um grande prazer. E pra mim foi um enorme prazer ouvi-la falar aqui na noite de abertura do SIMC 2013 (Seminário de Interação Mediado por Computador) realizado na Fabico/UFRGS (abril 2013) organizado pelo @AlexPrimo.

Santaella ancorou sua fala sobre as construções intersubjetivas nas redes sociais digitais e, para ela, rede sociais são o mais recente estouro do universo digital. Só tem besteira no facebook? Segundo ela, não! O Facebook é um ambiente afetivo. A pessoa põe lá fotos do filhinho que acabou de nascer. O Facebook é um oceano de afetos. O que as redes estão fazendo conosco? Segundo a autora, as redes sociais provocam um abalo sísmico, sobretudo as transformações que estão sendo provocadas na educação. O que esta acontecendo com o humano? Como se caracterizam essas formas de subjetivação na rede? Percebe-se uma multiplicação de “eus”nas redes sociais.  Cada usuário desenvolve uma maneira de uso e de apropriação das redes que lhe é próprio. Cada um decide o que ver, consumir ou com quem quer conviver. Hábitos e usos funcionam como pistas das silhuetas subjetivas de cada usuário.

As redes sociais encorajaram os jovens a mostrarem identidades discursivas. Desenvolvem uma compreensão mais rica de seus papeis e os intercâmbios são mais ricos. A auto-representação fica evidentes das redes sociais, permitem e encorajam o modo de como se dá a ver. Por exemplo, uma frequência cada vez maior de como as pessoas mudam sua foto no perfil do Facebook. As relações nas redes sociais são efêmeras, evanescentes... É uma maravilha saber o que o outro estar pensando, o que está fazendo... O eu é fruto de uma construção tão imaginária, é tão social. No Facebook a gente tem ilusão que temos alguma autonomia. O narcisismo que vemos no Facebook é absolutamente compreensível. As redes estão no ensinando uma realidade que ficava meio opaca pra nós. O narcisismo nas redes é um fato relevante. As pessoas sempre foram narcísicas e encontram a possibilidade expor esse narcisismo nas redes. Ele é colocado pra fora agora! Algo muito novo esta surgindo na redes digitais. Somos todos agora performáticos! A identidade humana é múltipla por naturaza. Ficou mais difícil lidar com a subjetividade agora do que antes . . . ela ficava enclausurada. Agora não! A gente posta e o outro comenta, critica, elogia, refuta: temos que aprender a lidar com isso. Vivemos em um mundo em que não mais tempo nem lugar para a nostalgia.

A proliferação das identidades múltiplas inauguram uma nova metodologia de pesquisa: não tem como pesquisar as redes sem estar nelas. Não tem como observar de fora. Expulsa os falsos pesquisadores!

Viva, Lucia Santaella!

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Chamada para Encontro 3 dos BRAND THINKERS em 2013



Nosso terceiro encontro de 2013 já tem data, hora, local e programação. 
Será nesse próximo sábado à tarde (13/abril). Acontecerá na Trevisan Escola de Negócios (av Tiradentes, 998 - ao lado do metrô Armênia / São Paulo SP).

Deseja vir? envie um email para hiller78@yahoo.com.br confirmando a sua presença.

Um abraço,

@MarcosHiller
Fundador dos Brand Thinkers


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Veja a programação: 


15:00hs

“Branded Content”

Com LARISSA MAGRISSO
Gerente de Conteúdo e Social Media da W3haus - Jornalista formada pela UFRGS, gerencia a equipe que cria estratégias de conteúdo, social media e monitoramento para marcas como O Boticário, Bis, Sonho de Valsa, Lacta, Trakinas, Petrobras Distribuidora e Fila. Passou pelas redações do Portal Terra, onde coordenou a equipe de notícias e reportagem, e Zero Hora.





16:00hs

“Marcas que querem ser amadas não merecem seu amor”


Com RENE DE PAULA JR
Diretor da start-up Appies, está no mercado interativo desde antes dele virar mercado, e nesses dezesseis dog years já trabalhou de todos os lados do balcão: agências (CUBOCC, AgênciaClick, Wunderman), gigantes como Microsoft, Sony, Yahoo e também infra-estrutura (Locaweb). René é presença atuante e vocal até demais em eventos e debates e social media e vem produzindo sem cessar artigos e videos e entrevistas sobre as contradições do mundo digital.