por @marcoshiller
As duas semanas rápidas e
intensas dos Jogos Olímpicos de Londres se foram. O que fica na nossa memória
são os momentos inesquecíveis, as performances de Usain Bolt, as medalhas de
ouro do Brasil, as nossas pratas doloridas, entre outros inúmeros momentos que
nos emocionaram. Agora a bola está com o Brasil, melhor ainda, a tocha está com
o Rio de Janeiro. E olha que a responsabilidade se tornou ainda maior, pois
Londres elevou a barra, colocou o sarrafo lá em cima mostrando nos jogos e nas cerimônias
de abertura e de encerramento toda a magia, elegância e seriedade dos ingleses.
Justo eles, que são simbolizados pelo mundo como um povo meio frio, com uma
gastronomia pouco convincente e um céu sempre nublado. O que vimos nessas
últimas suas semanas não foi nada disso, muito pelo contrário, por meio de
performances de The Who, Paul McCartney, George Michael e Annie Lennox, eles mostraram ao
planeta o quanto rica é a cultura pop da Grã-Bretanha. E deram show também no
quadro de medalhas (terminaram em terceiro).
Agora cabem aos brasileiros e
cariocas provarem que saberão fazer bonito também, pois o céu aqui é de
brigadeiro, o povo é alegre e a gastronomia tem torresmo e cerveja trincando no
copo americano. Quando Eduardo Paes ontem recebeu a bandeira olímpica, os
comentários dos brasileiros no Twitter eram norteados por um certo frio na
barriga, um sensação de medo de não fazer bem feito. Isso era refletido nos
comentários em redes sociais. Um corrente de pessoas dizia que o Brasil seria
bem esteriotipado no Rio 2016 por meio de cenografias de favelas, tucanos e
araras voando pelo estádio olímpico, ao som de Michel Teló e mulatas sambando.
E o gostoso couvert que vimos ontem mostrou que o Rio é algo a mais que apenas
isso. A própria escolha do gari Renato Sorriso para abrir o “aperitivo” do Rio
2016 ontem já baixou a guarda dos críticos de plantão. O gari deu a largada na
parte verde-amarela da festa e “ensinou” um gringo a dançar no palco. De forma
sublime, ele simboliza impecavelmente o Brasil e o Rio de Janeiro: um homem do
povo, negro, trabalhador, com um espontâneo sorriso no rosto e com samba no pé.
Logo depois nada de Ivete Sangalo, Daniela Mercury ou Claudinha Leitte, vimos
Marisa Monte entrando no palco representando Iemanjá e interpretando um trecho
da Bachiana número 5, do genial maestro Villa Lobos. Os povos indígenas brasileiros
também foram lembrados, com tambores e ciber-dançarinos espalhados pelo palco.
Em seguida BNegão, da banda Black Alien, representou o Maracatu Atômico de
Chico Science, e com a participação da bela Alessandra Ambrósio. Seu Jorge pegou
o bastão do revezamento e interpretou “Nem vem que não tem”, letra de Carlos
Imperial imortalizada na voz de Wilson Simonal. Para fechar com chave de ouro, o
atleta do século Pelé distribuía abraços, enquanto Marisa Monte cantava com seu
Jorge "Aquele abraço", de Gilberto Gil.
Depois do que vimos ontem, se
algum atleta brasileiro ainda estava na dúvida se tentaria ou não os jogos
olímpicos Rio 2016, as dúvidas não existem mais. Todo mundo vai querer fazer
parte dessa festa. A marca Brasil não poderia ter sido melhor representada do
que ontem. Em recente pesquisa feita, perguntaram para diversas pessoas do
resto do mundo uma palavra que representasse o Brasil, e logicamente a palavra
que venceu foi: alegria. O que vimos ontem foi um gostinho de nossa cultura e o
que o Brasil tem de melhor. Temos inúmeros defeitos, mas nossas virtudes falaram
mais alto. Falem o que quiser, mas esse é o Brasil que temos para mostrar. E quem
não arrepiou ontem, que atire o primeiro bolinho de carne-seca.
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