BBB12: um suposto estupro e altíssimo risco para as marcas
O Big Brother Brasil 12 (BBB12) mal começou e já entrou para a
história. Por causa dos brothers terem batido o recorde de 30 horas na
primeira prova de resistência? Não, mas pelo fato de, com menos de uma
semana de programa, um participante ter sido expulso da casa em virtude
de um suposto estupro. Não quero entrar no mérito do ato em si, mas
analisar o ocorrido sob a ótica de um anunciante que investe milhões em
um programa detelevisão e, de repente, se depara com um fato deste
tipo, que gera publicidade, no mínimo, negativa.
Uma marca, quando decide se associar a uma celebridade ou toma a
decisão de patrocinar um programa de televisão, tem que ter em mente
quais os riscos que envolvem uma parceria como essa e, mais que isso,
ter um plano de resposta pronto para possíveis situações
incontroláveis. Investir em um programa como o BBB poderepresentar um
imenso retorno de exposição da marca, mas o risco também é
elevadíssimo.
Os integrantes são pessoas "enjauladas" em uma casa, que são observadas em tempo real por milhões de pessoas e, nessas condições, as reações dos participantes são absolutamente imprevisíveis.
Nem osanunciantes mais pessimistas poderiam conceber esse fato
emblemático do BBB12. Na verdade, não poderiam imaginar, mas sim
poderiam prever que um programa de reality show como este possui um
fator incontrolável: o ser humano. E o que anunciantes devem fazer após
um acontecimento como esse? Manter o patrocínio? Rever a estratégia? Certamente essas perguntas estão sendo feitas nesse momento pelas
altas diretorias de marketing das empresas. Independentemente de ter
ocorrido ou não o tal estupro na casa, as marcas estão ali patrocinando
o programa, que está no topo dos trend topics do Twitter.
Seja qual for o investimento de marketing, o risco sempre existe.
Quem poderia imaginar que Ronaldo Fenômeno, até então um craque do
futebol, ícone de superação e maior goleador de Copas de todos os
tempos, fosse se envolver com travestis no Rio de Janeiro? Ninguém. E
certamente quando esse episódio veio à tona, as diretorias de marketing
de Nike e da Ambev devem ter reavaliado cuidadosamente os seus
respectivos e milionários contratos publicitários com a empresa do
jogador, a R9. Dias após o acontecimento, o craque deu explicações para
o público no programa Fantástico, da Rede Globo. Ele conseguiu passar
uma borracha em tudo. Brasileiro esquece fácil das coisas. Ronaldo foi
para o Corinthians e já sabemos o resto da história.
Em 2006, quando a marca Santander Banespa decidiu investir milhões
de euros e patrocinar de uma só vez seis jogadores da Seleção
Brasileira de Futebol em ano de Copa do Mundo, foi logicamente mapeado
pelo anunciante um possível cenário de fracasso da seleção (o que
realmente se deu, quando o grupo caiu nas quartas-de-final). No
entanto, o que aconteceu foi um cenário que ninguém previu: a seleção
brasileira não só perdeu, mas não teve garra e sequer lutou pela vaga.
Perdeu para a França com gol de Henry, com o nosso relapso lateral
esquerdo, Roberto Carlos, supostamente arrumando o seu meião na entrada
da área. Na manhã seguinte da eliminação, algumas agências do banco,
que possuíam imagens dosjogadores em suas fachadas, sofreram com a
indignação de torcedores da seleção canarinho.
Outro acontecimento marcou a 11ª edição do Big Brother Brasil, a
mais recente delas, de 2011. Uma das provas do líder foi patrocinada
pelo "Meu Frango Assado", novo produto da marca Knorr, que pertence à
gigante Unilever. Foi uma prova de resistência, na qual os brothers
ficaram envolvidos por um invólucro plástico, assim como o novo produto
da Knorr sugere à dona de casa envolver o seu frango assado para
absorver melhor o novo tempero.
No meio da madrugada, um dos brothers, na tentativa de "agradar" o
anunciante Knorr/Unilever, começou a cantar um famoso jingle: "De leste
a oeste, de norte a sul, a onda é a dança da Galinha Azul". Acontece
que a Galinha Azul era, há muitos anos, a mascote da Maggi, que
pertence à Nestlé (concorrente mundial da Unilever).
O que podemos concluir são três coisas: 1) o consumidor confunde
completamente asmarcas, ele não sabe quem é dono de quem; 2) a força que
tem uma mascote (aGalinha Azul não é mais usada pela Maggi/Nestlé há
anos), que ainda reside na mente dos consumidores; e 3) como é que um
executivo de marketing, que planeja uma ação dessas (e certamente não
paga pouco), poderá prever que o brother, com as melhor das intenções,
cantará o jingle de seu principal concorrente.
Essas e outras tantas razões é que tornam o mundo do marketing tão fascinante e, aomesmo tempo, tão incontrolável.
Hiller, adorei o post...mas de tudo fica claro que a edição do BBB é muito ruim, não prezam pela imagem do anunciante. É claro que vale lembrar que no paperview é em real time.
ResponderExcluirMuito boa matéria, Hiller.!! Li este post e o do Administradores....! Sinceramente, as empresas patrocinadoras e anunciantes precisam rever a construção proposta pela direção de um sub-programa como o BBB. Valeu!!!
ResponderExcluirPor isso que eu digo, o que se pode concluir é que é super difícil prever o que uma pessoa, ou 18 que você nunca viu na vida, não conhece o perfil, não conhece a cultura, dentro de uma casa "vigiada" 24hs por dia, vai fazer com a sua marca. Sinceramente apostaria em passagens rápidas, como o Guaraná Antartica faz, "apenas" patrocina, as bebidas da casa, raramente faz algum tipo de prova maluca que possa causar algum dano na marca. Ou por exemplo, algumas loucuras que já apareceram no programa, mas que ainda bem deram certo, que foi o caso da super bonder, na edição de 2011, onde os participantes ficavam de ponta-cabeça grudados pelo pé. Na minha opinião um sucesso, mas arriscado. A conclusão que se pode tirar de tudo isso é que é muito melhor investir essa grana toda e fazer uma ação muito melhor! (Y) Parabéns pelo post Hiller. Abraço!!!
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