O Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC-SP) finalmente acaba de
abrir suas portas. Até então estava instalado dentro da Cidade Universitária,
na Universidade de São Paulo (USP), e a partir dessa semana começa a escrever
história no antigo prédio do Detran-SP nas imediações do Parque do Ibirapuera.
Essa mudança pode ser entendida de uma forma muito mais ampla e simbólica do
que realmente representará essa simples mudança de endereço, pois se trata de
uma obra altamente moderna no contexto arquitetônico da cidade e tem Oscar
Niemeyer como seu idealizados. Vale destacar que o prédio do Detran-SP foi criado
em 1954, justamente na fase mais brilhante do arquiteto carioca, entre a
construção do complexo da Pampulha em Belo Horizonte (1943) e Brasília (1957).
Esse novo projeto do MAC reúne os principais alicerces que são fundamentais
para um projeto bem sucedido de museu, ou seja, um prédio com arquitetura
emblemática, um acervo contundente e uma marca forte. É relevante propor ainda
que outros museus da cidade de São Paulo e do Brasil passem a enxergar o MAC
como um benchmark nesse segmento em
termos de atratividade de visitantes e, obrigatoriamente, passe a fazer parte
do roteiro turístico da cidade.
Tadeu Chiarelli, o Diretor do MAC-SP
O próprio MAC de
Niterói já é visto também como um exemplo clássico de arquitetura moderna, cheia
de curvas, espelhos d’água, uma rampa de entrada nada convencional e um formato
do prédio em espiral que desafia curadores de arte e artísticas na montagem de
exposições. A obra tem também como idealizador Oscar Niemeyer, que destaca no
local as grandezas imensuráveis – “o mar, as montanhas do Rio, uma paisagem magnífica que devia preservar”. Niemeyer
comenta: “(…) E subi com o edifício, adotando a forma circular que, a meu ver,
o espaço requeria (…)”. Além de se
afastar de outras construções urbanas, o prédio de Niemeyer que mais se parece
um disco voador, se eleva acima do nível da rua – do chão –, provocando a
experiência de limite de distanciamento do mundo cotidiano, para se localizar à
beira do precipício sobre as águas da baía de Guanabara, e com simplesmente a
vista mais linda do mundo à sua frente: o Rio de Janeiro.
Infelizmente, o segmento de marketing
de museus ainda é conduzido de forma muito amadora no Brasil, e o novo MAC de São
Paulo tem uma chance especial nas mãos de se aproveitar desse processo do
marketing de experiência. O MAC não deve apenar brigar pela audiência de outros
visitantes de museus, mas sim pelos expectadores de shopping, cinemas, teatros,
bares e restaurantes. Acredita-se que arquitetos,
curadores de exposições e profissionais de arte possuem conhecimentos de
marketing relativamente incipientes. Aqui vale desdobrar outro questionamento:
essa incumbência pertence a esses profissionais? Eu acho que sim.
O design sofisticado
da arquitetura dos prédios busca sim um impacto visual, mas a forma como é
feita a divulgação de exposições, o treinamento de funcionários e a preocupação
de zelo pela marca do museu evidencia uma lacuna nesse campo e consequentemente
um convite para pesquisadores e profissionais se debruçarem nesse mote. Mas muito
mais importante que abrir o museus em um prédio de Niemeyer, ter um estiloso
café no último andar (com uma vista de tirar o fôlego para o Parque do
Ibirapuera) e uma lojinha em que se dá vontade de levar tudo, espera-se que o
MAC crie nos seus visitantes um momento único de consumo cultural, por um
processo de encantamento exclusivo, sofisticado e que vise diferenciações
máximas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário