Por
@MarcosHiller
Muito
prazer, eu sou o @MarcosHiller. E não adianta. Estar em sites de redes sociais
é uma exposição. Por mais que se tente adotar uma estratégia de se publicar um
criterioso volume de conteúdo, com uma frequência baixa e com as devidas
configurações do Facebook, por exemplo, me blindando de ser marcado em fotos ou
comentário, não interessa. Despudoradamente, nessas mídias há uma exposição e,
ao mesmo tempo, no ser humano, segundo a lúcida autora Paula Sibília,
evidencia-se uma necessidade narcísica de estar no centro das atenções, em um
contínuo “show do eu” que tem a intimidade e a obscenidade do cotidiano como
seus maiores espetáculos. Nas redes sociais, por meio de performances
individuais, pode-se modelar e modular diversas identidades de quem se desejar
ser e como pretende ser percebido. O ponto é que, como já disse aqui na
primeira linhas desse texto, há uma exposição. E como outras pessoas vão
absorver, decodificar, digerir e reagir diante de um conteúdo qualquer é um
fator absolutamente que foge de nosso controle.
Nesse
sentido, há por exemplo o recém-lançado site “Namoro Fake”
(http://namorofake.com.br/), que cria uma namorada de mentira apenas para o
Facebook. Gastando-se apenas uma quantia de R$ 10, pode-se contratar uma
“ficante”, ou seja: é criado um perfil fake que vai deixar três comentários ou
posts no seu mural. Já contratar uma ex-namorada, sai um poucos mais caro. E o perfil de
“namorada” logicamente sai mais caro ainda. E para facilitar, o pagamento pode
ser feito pela ferramenta Pag Seguro e dividido em até 12 vezes no cartão de
crédito. Outro exemplo, no mínimo interessante, são sites ancorados em uma
certa forma de eternidade que a web torna possível. Pelo menos, essa é a
promessa que o site DeadSocial (http://deadsoci.al/) faz a seus usuários. Essa
rede social propõe que se enviem mensagens de texto, imagens ou vídeos; e,
também, que se recebam todos esses tipos de materiais provenientes de outras
pessoas. Nada de muito novo até aqui, não fosse o fato de que a ideia neste
caso é que tudo isso aconteça após a morte dos respectivos emissores.
DeadSocial permite que qualquer um programe mensagens para o Facebook. Essas
mensagens são ativadas logo depois que o usuário morre e podem ser enviadas por
anos depois. A DeadSocial oferece a seus usuários é uma promessa de
eternidade.
Na era do
espetáculo e do culto ao corpo, gostaria
de trazer para a nossa inquieta reflexão a atriz-social Gabriela Pugliesi, dona
do blog (http://www.tips4life.com.br) e que tem feito relativo sucesso por meio
de seu perfil no aplicativo de fotos Instagram. A blogueira está arrebanhando
uma legião de seguidoras (sim, a maioria são mulheres, logicamente) por conta
de uma estratégia de fotos e textos baseada no oferecimento de um profícuo
cardápio que visa a aumentar a “qualidade de vida”. No momento que escrevo esse
despretensioso texto, Gabi tem mais de 30 mil seguidores. E nas legendas das
narcísicas fotos publicadas no Instagram evidencia-se nas entrelinhas um
discurso norteado por um feroz julgamento que aponta indiretamente para aquelas
usuárias que sucumbem no esforço de se enquadrar sob as coordenadas da boa
forma. Especialmente no Brasil, é relativamente compreensível o sucesso do site
da moça pois, de acordo com as pesquisas da antropóloga Mirian Goldenberg, o
corpo humano se apresenta como “um verdadeiro capital físico, simbólico,
econômico e social”. Nesse sentido, mesmo tendo à sua disposição um poderoso
arsenal, fornecido aparentemente de forma gratuita por marcas de roupas e
alimentos funcionais, Pugliesi apresenta o tempo todo técnicas e dicas de como
cultuar os corpos humanos desencantados de suas potências simbólicas para além
de uma simples boa aparência. E tudo com uma retórica especializada em garantir
as mais desvairadas certezas. Inevitavelmente, cria-se nas suas seguidoras uma
auto-intensa vigilância.
O fato é
que o ecossistema digital que habitamos hoje é um solo fértil. De lá, brotam
ideias, inovações, insights e novos formatos de se comunicar. E a explosão das
mídias digitais provoca fenômenos que potencializam a bel-prazer as mais
diversas estratégias de se tentar construir a tão almejada reputação, vis-à-vis
os três exemplos que citei nesse texto.
Não me siga no Twitter! Obrigado...
Não me siga no Twitter! Obrigado...
Nenhum comentário:
Postar um comentário