por @MarcosHiller
O big-bang das mídias sociais estão impactando de
forma contundente a forma de se pensar e debater marketing hoje em dia. Essas
novas plataformas digitais colocam o consumidor não mais como um mero receptor
do clássico processo de comunicação, mas sim como protagonistas, cada vez mais
céticos, exigentes e menos leais às marcas. Há alguns anos, as ações do chamado
processo de comunicação integrada de marketing eram mensuradas apenas por meio
de variáveis como: volume de vendas, ganhos de market share ou a pré-disposição
de um consumidor comprar o detergente A, B ou C. Agora novas variáveis residem
nas cabeças dos executivos de marketing, dos consultores e dos profissionais de
agências. Inéditos desafios são colocados nos briefings como ambições de uma
campanha de marketing: quantos “curtir” (ou “likes”) no Facebook essa ação
busca gerar? Quantos views no YouTube pretende-se conseguir? Ou então, quantos
seguidores esperamos conquistar com essa promoção no Twitter?
Até aqui, tudo bem. Realmente são novos mensuradores
que os profissionais de marketing devem estar de olho agora. Devem acompanhar,
medir, mensurar e monitorar. E forma ininterrupta. Mas o X da questão: é quanto
essas novas ambições do pessoal de marketing geram realmente ganhos
significativos e consistentes para a marca? O que realmente significa ganhar um
“curtir” no Facebook? O que isso favorece uma marca? Como posso tirar proveito
daquele usuário que está colocando o dedinho pra cima sobre algo que publiquei
sobre minha marca? Por que ele curte coisas banais e não curte coisas
relevantes que minha marca publica? Essas são perguntas que estão sendo feitas
nesse exato instante em salas de reunião de anunciantes, clientes, agências e
consultorias. E as respostas dessas novas perguntas variam muito, e muitas
vezes ficam sem uma respostas satisfatória. Tudo isso ainda é uma grande folha
em branco.
Mas o fato é que pega muito bem mostrar para o chefe
que determinada ação no Facebook gerou mais de 1000 dedinhos pra cima curtindo
aquilo. Ou então gerou mais de 500 seguidores ou 350 retweets. Mas a pergunta
boa é: esses comportamentos online estão sendo refletidos em ações de marketing
efetivas e que fazem o consumidor ir ao supermercado, pegar o produto na
gôndola, e ir para o check-out? Não? Então desculpe-me, pois se nenhum ponteiro
mexeu, o que acabou de acontecer é o desperdício do investimento de marketing.
Em alguns momentos vejo marcas agindo até como verdadeiras mercenárias,
oferecendo participação em sorteios ou envio de brindes simbólicos como uma
espécie de recompensa ao usuários que curtiu determinada coisas. Oras, não é
por aí que as coisas funcionam. Seja relevante, seja interessante, e produza
conteúdo de verdade, que você será curtido automaticamente, seja no mundo online,
ou offline.
Veja como chegar a conclusões precipitadas pode
induzir a uma visão míope no mundo online. Eu por exemplo, curto a FanPage da
marca Ferrari no Facebook, e hoje, pelo menos por enquanto, não tenho a menor
condição de comprar uma Ferrari, muito embora não me falte vontade.
Infelizmente ainda não tenho condições financeiras de adquirir um automóvel
desse tipo. Ou seja, eu não sou público-alvo (ainda) de um produto desse, muito
menos influencio pessoas a comprar um carro desse, mas estou curtindo a marca.
Isso mostra que meu comportamento digital não traduz as minhas reais intenções
aqui do mundo real, mundo offline. Eu também curto a FanPage do Activia da
Danone, pois sou um pesquisador de marca e de assuntos de consumo em geral. Eu
coloco o dedinho pra cima no Facebook simplesmente para acompanhar como essa
marca (líder de categoria) se comporta nas redes sociais. E na minha casa nunca
entrou um potinho de Activia. Ou seja, eu não sou público-alvo deles. Por fim,
eu sigo no twitter o perfil do @SamsungPHGanso, mas sou corinthiano e não tenho
nenhum interesse em saber o que posta esse jogador. No entanto, minha intenção
em segui-lo é justamente analisar como a marca Samsung (que não era nada até outro
dia, e hoje abocanha fatias de mercado) está transitando nas redes sociais.
Parece que reinventaram as regras do jogo e não
contaram para os gestores de marcas. Não só as perguntas que mudaram, mas as
respostas também são outras, e são novas. E diante desse atípico contexto, o
que me conforta é que há uma luz no final do túnel. Já começo a perceber alguns
pesquisadores debruçados em responder todos esses novos dilemas de
monitoramento e métricas nas redes sociais. Mas creio que a bússola da
grande maioria dos profissionais de marketing ainda esteja desregulada hoje em
dia no que diz respeito a entender, compreender e interpretar esses novos e
complexos usuários-sociais. Esqueça os “Likes”, concentre os esforços em gerar
conteúdo relevante. Não “compre” o curtir de internautas, apenas seja
interessante e ele irá curtir a marca automaticamente. Esqueça os views do
YouTube, e pense em relevância. Ignore a conquista de seguidores, preocupe-se
em ser diferente, e ele vai te dar um follow. Pare de pensar de
promoçõeszinhas, e pense em Branding. Deixe as premiações pra lá, e pense em
construção de marca.
Muito interessante a reflexão proposta neste texto. Talvez eu discorde um pouco de algumas passagens do texto que podem dar a entender que não é importante o relacionamento da marca com as pessoas. Acredito que - mesmo sem intenção ou possibilidade de consumo – este tipo de relacionamento é profícuo e benéfico para as marcas. Mas, de um jeito ou de outro, achei muito bom e sugiro que meus alunos leiam isto. Parabéns!
ResponderExcluirCheguei faz pouco tempo ao Facebook e Twitter e seu texto convalida minhas primeiras impressões. Vejo uma histeria generalizada, e não somente de marcas em busca de "likes", como também usuários comuns, eu diria até usuários banais e fúteis. Meus objetivos nessas redes sociais é divulgar meus projetos, então meu foco não é exatamente relacionamentos intrínsecos. A partir daí estou sendo cauteloso e meticuloso nas minhas ações. Vamos ver se funciona.
ResponderExcluir