sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Diapasão Digital: tudo o que você sempre quis saber sobre as redes sociais, mas tinha medo de perguntar...


O Diapasão Digital (afinando o debate sobre a arena online) orgulhosamente apresenta:

"Tudo o que você sempre quis saber sobre as rede sociais, mas tinha medo de perguntar"

Muito se fala hoje em dia sobre as chamadas redes sociais, esses espaços sedutores onde as pessoas e as marcas tentam construir narrativas envolventes. No entanto, muito se fala mas pouco se aprofunda nas discussões. Nos blogs, no YouTube, no Twitter e até na nossa timeline do Facebook está cheio de super-especialistas em marketing digital. Eles criam termos rebuscados, prevêem o futuro, escrevem livros enormes e com capas lindas, inventam metodologias que brilham no escuro, etc. Imprime-se quase sempre olhares super entusiasmados e eufóricos sobre as redes sociais, que eles transformam nosso cérebro (oi?), que elas mudam o mundo, que o Instagram deixa as pessoas mais vaidosas, que ao Twitter derrubou um ex-líder egípcio, que as manifestações que vimos nas ruas aconteceram devido ao poder do Facebook. Eu particularmente não acredito nessas perspectivas e as repudio. Por exemplo, temos uma revolução tecnológica em curso? Eu não acredito nisso de jeito nenhum. Temos sim transformações muito importantes acontecendo nas mais diversas esferas da sociedade e do mercado.
 
Cada pessoa, cada marca, cada fanpage desenvolve (consciente ou inconscientemente) uma estratégia de uso e de apropriação das redes sociais. Uns publicam muito, outros publicam pouco. Uns narram obscenidades e detalhes sórdidos do dia-a-dia, já outros postam quase nada sobre a própria vida. Uns tiram o dia inteiro pra ficar sentando o cacete na Dilma, outros defendem perspectivas políticas contrárias. Uns usam isso aqui como um verdadeiro show do eu, outros usam como muro de lamentações. E tudo isso regido por um negócio chamado algoritmo, que muda cerca de 2 vezes por dia e pouco se fala disso. Quem está certo e quem está errado nesse palco das redes sociais? Quem usa bem e que usa mal o Facebook? São perguntas que, pra mim, não nos cabe achar respostas. Penso que devemos simplesmente ficar conectados com outros usuários que temos interesse em comum e que postam coisas legais. Se a postura de alguém te incomoda, é simples: pare de seguir aquela pessoas, fanpage, etc. Por semana, eu oculto os posts de uns 10 "amigos". Faça isso também! Certamente, o mundo será menos aborrecido.

Enfim, vamos conversar sobre essas e outras várias pertinentes questões? A intenção é tirarmos o snorkell, colocarmos o cilindro de oxigênio e descermos um pouco mais fundo no entendimento do que são essas redes sociais. O que elas estão fazendo conosco e com nossas vidas? Como se dão as lógicas das redes sociais digitais? Como devemos analisar esses espaços virtuais e as transformações que eles provocam com o tamanho que eles realmente têm? Nem de forma muito entusiasmada, nem de forma muito displicente, da forma adequada.

 

Quando? Nessa quinta-feira dia 30 de janeiro das 20hs às 23hs.

Como? 100% online e ao vivo por meio de Google Hangout.

Valor do investimento? R$ 199 por pessoa.
 
Todos os inscritos ganham? um coaching personalizado de marca pessoal digital, uma seleção de mais de 100 artigos sobre redes sociais escritos nos últimos anos no Brasil e no Mundo, e o eBook do livro BRANDING: a arte de construir marcas, de Marcos Hiller.

Inscrições? São apenas 10 vagas. Envie um email com seu nome e telefone para hiller78@yahoo.com.br

 

 
Marcos Hiller é pesquisador na área de redes sociais e cultura digital. Lançou em 2012 seu primeiro livro “BRANDING: a arte de construir marcas” e nesse ano lança ONLINE sua nova obra “ONDIVÍDUOS marcas, consumo e cena digital”. Coordena o MBA em marketing, consumo e mídia online na Trevisan Escola de Negócios e os cursos de mídias digitais e de branding avançado na Escola São Paulo. É mestrando em comunicação e práticas do consumo pela ESPM. Atuou por mais de 10 anos na indústria financeira como Gerente de Marketing do BankBoston e Coordenador de Comunicação do Santander. Hoje atua como professor convidado de diversos cursos de MBA (FIA-USP, Business School e Istituto Europeo do Design). Tem formação em Marketing pela ESPM, com algumas especializações na área e cursos de extensão na Universidad Andres Bello (Chile) e Santa Fe University (Novo Mexico / USA). É colunista do Olhar Digital e do Portal Administradores :: twitter @marcoshiller - facebook.com/marcos.hiller78

 

ORKUT 10 ANOS


por @MarcosHiller
 
O brasileiro adora as redes sociais digitais. Nem metade do Brasil ainda tem acesso à Internet, mas praticamente todos que usam estão conectados a algum site de rede social: Facebook, Twitter, YouTube, Badoo, LinkedIn, e por aí vai. Estamos no top five dos países que mais usam Twitter, Facebook e Orkut no mundo. São Paulo é a segunda cidade que mais tuíta no mundo. No entanto, passamos pra lá do 100º lugar quando falamos de percentual de usuários de internet diante do número total da população. Uma razão meio lógica do porquê dessa nossa vergonhosa posição é que a Internet no Brasil ainda é muito cara e muito lenta, nossa infra-estrutura não é das melhoes e certamente as mídias digitais demorarão muito ainda para serem usada pelas empresas como mídias de massa. Televisão, jornais e revistas ainda são as mídias que dominam os investimentos em nosso mercado publicitário pelo simples fato de que é por meio dessas mídias off-line que as agências engordam seus faturamentos.
 
Por volta de 2005 eu entrei no Orkut, aquela nova rede social em que nos viciamos rapidamente e que nos magnetizava para reencontrarmos amigos, bisbilhotarmos vidas alheias e praticarmos nascisismos nos nossos álbuns e perfis. Reencontramos amigos da escola, do bairro. O Orkut era legal demais, criávamos comunidades e interagíamos muito nelas. Fuçávamos os scraps (praticamente uma caixa aberta e pública de emails). O Orkut foi uma ferramenta meio pedagógica tamém. Ele nos ensinou a entender as lógicas dos sites de redes sociais e a modular nosso comportamento nesses novos ambientes virtuais. Quem nunca passou por alguma saia justa no Orkut que atire a primeira pedra. Quem nunca pagou algum mico pelo Orkut? E as comunidades então? Elas eram excelentes. Tinha aquela do “Odeio acordar cedo” que congregava milhões de usuários. Além de outras espetaculares como “Gostou? Pega senha!”, “Volta pro mar oferenda!”, “Eu reencontrei minha mãe pelo Orkut”, “Não fui eu, foi meu eu lírico”, etc.
 
Há alguns anos, estive em uma palestra que Orkut Büyükkokten, o criador da rede, ministrou na Escola Politécnica dentro da Universidade de São Paulo (USP). Logicamente, ele fazia questão de pisar em solo brasileiro sempre que possível, afinal o Brasil ainda era o maior usuário de Orkut no planeta. Logo no começo da palestra, deu a mão à palmatória afirmando que criou a rede para se conectar com amigos e somente anos depois pensou em como capitalizá-la, criando banners, links patrocinados, etc.  A parte mais divertida da palestra foi quando apresentou as correlações entre as comunidades. Apontou que 80% das pessoas que estavam na comunidade “amo sushi” também estavam na comunidade “amo fotografia”, concluindo que pessoas que tiram fotos também apreciam comida japonesa. Mostrou que 90% das mulheres que estavam na comunidade “sofro de TPM” participam da “amo chocolate”, comprovando uma proximidade de temas já conhecida há anos. Por fim, mostrou que usuários que utilizam foto sem camisa no perfil têm 90% de probabilidade de serem do Brasil. A plateia caia na gargalhada, mas o Sr. Orkut não entendia aquela suposta fixação brasileira de posar sem camisa para fotos. Ele também tem o hábito de fornecer seu email, que é muito fácil orkut@google.com (não sei se ele ainda lê esse email).
 
O fato é que o Orkut perde usuários de forma significativa todos os meses. E a principal hipótese é meio óbvia: todos estão aos poucos migrando para o Facebook, essa genial rede social usada por mais de um bilhão de terráqueos. Mas o Orkut ainda tem usuários. Como assim, se grande parte de meus amigos só usa Facebook? Pois é, temos o hábito de usarmos como referência e nos balizarmos nas ações de nossos amigos mais próximos. Oras, o Brasil é muito grande, é um país continental, temos vários Brasis dentro do Brasil. Temos diversos São Paulos dentro de São Paulo.
 
Recentemente perguntei para uma turma de alunos de uma faculdade que leciono na capital paulista. Perguntei se alguém ainda usava Orkut. Cerca de meia dúzia levantaram a mão, e eu questionei por que não usavam o Facebook. E a resposta veio na lata: “ah não professor, acho o Facebook muito chique”. Sabe eles têm um bocado de razão. O Facebook é chique mesmo. O nome é gringo e o site é azul. Na teoria das cores, azul é cor da nobreza, é cor de sofisticação. Mas a rede de Mark Zuckerberg veio pra ficar, cresce cada vez mais no Brasil e o Orkut já foi bem ultrapassado pelo Facebook. As redes sociais digitais são fantásticas. Ali podemos ser nós mesmos, ou não. Podemos ser outro. Podemos modelar um perfil de um jeito que a gente queira que demais usuários nos enxerguem. Podemos expor nossas opiniões, sem as exigências do relacionamento pessoal. Para dar parabéns para amigos no Facebook é muito mais cômodo: eu escrevo uma mensagem padrão como “parabéns e felicidades”, copio e vou colando nos murais de meus amigos aniversariantes. Mais conveniente e mais barato do que ligar para a pessoa e desejar tudo de bom.
 
Seja saudosista. Ressuscite do orkuticídio que você cometeu e comece a postar tudo lá de novo. O Orkut mudou e está com um visual muito mais moderno. Até o aplicativo para iPhone disponível na app store está mais bacana e intuitivo. Eu mesmo pensei em voltar pro Orkut hoje mesmo. Só que não!